sexta-feira, 7 de maio de 2010

A CRIANÇA E A IGREJA – Por Pr. Alexandre Farias


Artigo escrito e publicado para revista Saber e Fé

As crianças são o futuro da igreja". "Um dia, as crianças estarão em nosso lugar."
"Diácono, domine essas crianças, pois elas estão atrapalhando o bom andamento do culto. Vamos ter uma programação para a família, mas as crianças não poderão participar". Quem nunca escutou nas igrejas declarações semelhantes a essas sobre as crianças?
Algumas dessas frases poderiam ser engraçadas se não expressassem como a igreja tem tratado mal os nossos pequeninos. Queremos levar nossos leitores a refletir sobre o relacionamento das crianças com a igreja, sobre como Jesus se relacionou com os pequeninos e de que maneira a igreja vê as crianças.

Quando algumas crianças foram ao encontro do Mestre para que ele as tocasse, os discípulos as repreenderam, evitando sua aproximação. Essa mesma atitude é percebida nas ações de alguns diáconos e líderes de nossas igrejas nos dias de hoje.
Jesus nunca pediu para que as crianças fossem retiradas do local de suas mensagens. Pelo contrário, quando viu a atitude dos discípulos, repreendeu-os e ficou indignado, pedindo para que deixassem as crianças ter livre acesso a ele: "Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus" (Lc 18.16).

O Mestre sabia que impedir as crianças de ter acesso a ele seria o mesmo que ignorar a importância delas para o reino de Deus. Imagine o leitor: ser membro de uma igreja e não poder se aproximar do pastor para uma conversa!

Qual é a criança que ama alguém que a despreza?
Como uma criança sentirá prazer em ir a um lugar onde é excluída? Será que esta pergunta não deveria ser feita para alguns ministérios evangélicos?

Pode parecer contraditório, mas quando algumas igrejas promovem as nomeadas "programações da família", os pais recebem orientação para deixar seus filhos em casa com a avó, com a vizinha ou com uma irmã, para que a programação saia como planejada, da melhor forma possível.

Perguntamos: "Será que tais programações são realmente direcionadas à família?".

Os filhos fazem parte da família. São "personagens" principais e não coadjuvantes. São bênçãos e não maldição. Devem estar sempre presentes nas programações para que saibam que têm lugar na família de Deus, que é a igreja. Não entendemos que as crianças devem fazer parte de todas as programações, mas que deveriam participar de algum tipo de atividade na maioria delas.

Se a igreja promover uma programação específica para casais, por exemplo, é recomendável que procure a ajuda dos professores do ministério infantil para elaborar algo voltado para os filhos dos casais participantes.

Existem igrejas que possuem estrutura predial ampla e adequada para o oferecimento de trabalhos com as crianças, mas, infelizmente, não têm o objetivo de evangelizá-las.

Certa vez, perguntaram-me porque as crianças são tratadas dessa forma. Não demorei a responder: "Existem igrejas que não têm programações para as crianças porque elas não são dizimistas ou empresárias e não podem participar de algumas campanhas ‘desafiadoras’".

Os líderes dessas igrejas não têm interesse em promover programações para quem apenas dá "prejuízo" aos caixas eclesiásticos.

Reconhecemos que muitas igrejas investem nas crianças, fazem evangelização em escolas, nas creches e nas ruas, demonstrando o verdadeiro amor que Jesus tem para com os pequeninos. Preparam os seus professores e investem em cursos especializados para a evangelização das crianças. Entretanto, essa iniciativa é rara.

Os pastores e líderes de ministério precisam entender que "a criança é a igreja de hoje e não do futuro". Se pensássemos desta maneira, muitos problemas não existiriam em muitos ministérios.

A criança também tem a necessidade de reconhecer o seu pecado, de se arrepender e de aprender que Deus a ama de tal maneira que quer ter um relacionamento com ela. Quanto mais cedo o ser humano aprender que Deus o ama, mais seu relacionamento será alicerçado na Palavra que salva, edifica e promove a libertação do pecado.

Quando se fala em evangelização infantil, não podemos deixar de lembrar que a criança deve ser evangelizada na sua própria linguagem, pois elas aprendem com mais facilidade quando visualizam e ouvem. É necessário que as igrejas invistam nas crianças da mesma maneira que fazem com os "cafés para empresários".

Para algumas igrejas, comprar livros bíblicos com historinhas ilustradas, flanelógrafos, fantoches e brinquedos para a "brinquedoteca", entre muitas outras coisas, é encarado como um investimento caro e, principalmente, não compensatório.

Investir na criança pode gerar salvação. Se observarmos o índice de adultos que aprendeu a Palavra de Deus na infância, concluiremos que "ensinar a criança no caminho em que deve andar para que ela não se desvie dele quando envelhecer" é uma grande verdade (Pv 22.6).

Quando Jesus demonstrou as qualidades dos moradores do céu, não citou as qualidades dos sacerdotes, dos catedráticos nas Escrituras, dos levitas ou dos apóstolos, mas apresentou as características de uma criança: "Naquela mesma hora chegaram os discípulos ao pé de Jesus, dizendo: Quem é o maior no reino dos céus? E Jesus, chamando um menino, o pôs no meio deles, e disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum entrareis no reino dos céus" (Mt 18 1-3).

As características que Jesus mostrou para aqueles que perguntaram quem é o maior no reino dos céus são bem diferentes daquelas observadas nos dias de hoje. Às vezes, queremos ser como o pregador "A", como o conferencista "B", como o profeta "C" ou como o apóstolo "D", mas nunca queremos ser como uma criança.
A humildade é a característica fundamental do morador do céu: "Portanto, aquele que se tornar humilde como este menino, esse é o maior no reino dos céus" (Mt 18.4).

Será que temos humildade para entender que devemos ser como uma criança? E que as crianças são importantes para o reino de Deus?

O tropeço na vida espiritual das crianças se torna mais fácil quando elas percebem que os seus pastores não reconhecem a sua importância. Receber as crianças é o mesmo que receber o próprio Jesus (Mt 18.5).
O Senhor disse que aquele que fizesse um dos pequeninos tropeçar, seria melhor que lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e se submergisse na profundeza do mar (Mt 18.6). E ainda acrescentou: "Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêem a face de meu Pai que está nos céus" (Mt 18.10).

Os principais sacerdotes se enfureceram quando os pequeninos reconheceram quem era Cristo e o adoraram: "Vendo, então, os principais dos sacerdotes e os escribas as maravilhas que fazia, e os meninos clamando no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se" (Mt 21.15). Jesus não hesitou em respondê-los: "Sim; nunca lestes: Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?" (Mt 21.16).

Se Jesus reconheceu a importância dos pequenos adoradores. Se Jesus nunca os afastou de seu ministério. Se Jesus deu o devido valor às criancinhas, a ponto de usar suas características para dizer quem morará no céu. Se Jesus repreendeu os discípulos quando quiseram se opor às crianças. Então, quem somos nós para impedir que as crianças tenham livre acesso ao Salvador?

Quem somos nós para impedir a participação das crianças nas programações da igreja?

Quem somos nós para não dar o valor que Jesus deu às crianças?

Seria mais prudente fechar as portas da igreja do que manter este tipo de atitude, que não condiz com as características do verdadeiro Corpo de Cristo.

Deixemos que as crianças venham até Jesus, porque delas é o reino de Deus.
A Comunidade Tempo de Viver tem o prazer de receber as crianças em seus cultos. Elas devem se sentir bem dentro da igreja, em nossa companhia.
Elas também fazem parte do corpo de Cristo.

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